A Leishmaniose Visceral Canina (LVC) está presente em mais de 50 países, acometendo, principalmente, a região Mediterrânea e a América do Sul. No entanto, cerca de 90% dos casos de LVC estão concentrados em 6 países: Índia, Bangladesh, Sudão, Sudão do Sul, Brasil e Etiópia.
Apesar de ter sido catalogado mais de 12 espécies de Leishmânia que podem infectar cães, no Brasil, a LVC possui mais comum tem como agente etiológico o protozoário Leishmania donovani chagasi. Esse protozoário é transmitido para o cão por meio da picada de um mosquito-palha contaminado (também conhecido como “flebótomo”).
O Estado de São Paulo, particularmente, vem apresentando um aumento significativo nos casos de LVC na última década.
O mosquito contaminado, ao picar o cão, introduz em sua circulação sanguínea o protozoário da Leishmânia. A maioria dos cães infectados com Leishmânia não desenvolve sinais ou sintomas clínicos aparentes da doença. Por isso, a leishmaniose é considerada uma ameaça silenciosa aos nossos PETS.
Quando a doença se manifesta os sintomas mais frequentes são:
- Apatia (desânimo, fraqueza, sonolência)
- Perda de apetite
- Emagrecimento progressivo
- Feridas na pele, no focinho, orelhas, articulações e cauda que demoram a cicatrizar
- Descamação e perda de pelos
- Crescimento exagerado das unhas
- Problemas oculares
- Diarreia com sangue
- Paresia dos membros posteriores
A Leishmaniose é uma Zoonose, ou seja, afeta tanto cães quanto os humanos. Ocorre que, diferentemente do que muitos pensam, ela NÃO pode ser transmitida de cães para humanos. O PET é apenas o receptor (“reservatório”) do parasita e para ocorrer a transmissão é necessário sempre a presença do mosquito vetor, o mosquito-palha. Dito isso, pode-se concluir que a principal medida para prevenir a Leishmaniose é o combate ao mosquito transmissor.
É por meio da prevenção, com medidas de controle voltadas para proteger o meio ambiente, animais e humanos da ação do inseto vetor da doença, que vamos combater a Leishmaniose.
O uso de coleiras repelentes, vacinas, aplicação de inseticidas, proteção de canis com telas e a eliminação de focos do mosquito são algumas das formas de precaução mais recomendadas.
É importante sempre monitorar as condições de clima e locais em que as fêmeas gostam de depositar seus ovos, uma vez que essa espécie prefere se reproduzir em regiões úmidas e com muita matéria orgânica, como depósitos de lixo a céu aberto.
Nesse contexto, tem-se que o estilo de vida dos cães (Leia-se: se vivem dentro ou fora de casa e/ou se são de área rural ou urbana) associado ao nível de exposição de possíveis vetores (mosquito-palha contaminado) são pontos cruciais do combate a Leishmaniose.
As principais formas para prevenir nossos PETS dessa ameaça silenciosa são:
1) uso de produtos que previnam a picada por mosquitos e outros ectoparasitas de forma regular e contínua;
2) extermínio de criadouros existentes próximos às áreas onde ficam os animais;
3) adoção de práticas preventivas contra a formação de novos criadouros de mosquitos em geral.
Sem cura definitiva, a Leishmaniose Visceral Canina (LVC) continua sendo uma grave ameaça à Saúde Pública. Embora não transmitam a doença diretamente a humanos, os cães são o principal “reservatório urbano” (receptor) do parasito Leishmania, o qual, por sua vez, assim como nos nossos PETS, igualmente infecta pessoas por meio da picada de um flebotomíneo contaminado.
O tratamento de animais infectados com medicamentos que NÃO tenham a eficácia comprovada é proibido no Brasil.
Nesse contexto, o controle da LVC preconizado pelo Ministério da Saúde é baseado em quatro pilares:
1) diagnóstico e tratamento precoce de casos humanos;
2) combate ao vetor transmissor – o flebótomo (mosquito-palha) do gênero Lutzomya;
3) detecção de cães portadores, por meio de uma combinação de testes sorológicos, e sua eliminação por meio da eutanásia, por serem considerados “reservatórios”;
4) educação em saúde e conscientização da população para essa enfermidade.
Felizmente, hoje em dia, a Eutanásia, considerada como o 3º pilar adotado pelo Ministério da Saúde (dado extremamente chocante e inimaginável para nós, amantes e protetores dos animais), NÃO é mais a única forma de ação para os tutores de PETS positivos para Leishmaniose Visceral Canina.
Isso porque, havendo comprometimento entre o tutor e o médico veterinário que o assiste, é possível indicar o tratamento adequado, através do uso de fármaco aprovado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), desde que de acordo com o protocolo de tratamento descrito na rotulagem do produto e respeitada a reavaliação periódica clínico-laboratorial-parasitológica pelo médico veterinário, para que se possa apurar a necessidade de realização de um novo ciclo de tratamento, quando indicado, isso tudo sem descuidar da recomendação de utilização de produtos para repelência do mosquito (coleiras repelentes e spot-ons).
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A equipe Intersilpet está preparada para esclarecer demais dúvidas em relação à Leishmaniose Visceral Canina (LVC), além das formas mais eficazes de detecção e prevenção para o seu PET.
Intersilpet. Seu pet, nossa família.
Fontes pesquisadas:
- http://www.dive.sc.gov.br/index.php/d-a/item/leishmaniose-visceral
- http://www.scielo.br/pdf/rsp/v50/pt_0034-8910-rsp-S1518-87872016050005965.pdf
- Costa-Val AP & Melo MN. Clínica, diagnostico e tratamento LVC: Avanços, limitações e perspectivas. Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecinia (Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG) – Leishmaniose Visceral. 2012. Nº65: 74-103.
- Dantas-Torres F, Solano-Gallego L, Baneth G, et al. Canine leishmaniosis in the old and new worlds: unveiled similarities and diferences. Trends in Parasitology. 2012, 28 531-538.
- https://www.pubvet.com.br/uploads/a335fee3a31112de7f2d440fa3eb75dd.pdf
- http://portal.cfmv.gov.br/noticia/index/id/5619/secao/6
- https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/203212
- TEIXEIRA, Ana Izabel P. Cães e tutores: os desafios do diagnóstico e do controle da leishmaniose visceral canina. Tese (Doutorado em Medicina Tropical, Área de Concentração em Biologia das Doenças Infecciosas e Parasitárias) – Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical, Universidade de Brasília, Brasília 2019